Dia Nacional do Teatro: Histórias de paixão e resistência pelas artes cênicas em Manaus

Conheça a trajetória de duas atrizes renomadas atuantes; e o papel da Fetam no fortalecimento do cenário Teatral

O Dia Nacional do Teatro é comemorado nesta quinta-feira (19/09), uma data representativa para celebrar o impacto do teatro na cultura e na sociedade, especialmente na cidade de Manaus. Os espaços culturais mantidos pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, sempre foram cenários de grandes produções teatrais, o que pode ser comprovado no Festival de Teatro da Amazônia, que tem início na próxima semana.

Durante esse evento, os locais são ocupados por uma rica programação que abrange debates, oficinas, vivências, vitrines de livros, rodadas de negócios e exposições, ampliando o acesso à cultura e fortalecendo a produção teatral local, além de ser uma oportunidade de integração e formação para os profissionais da área.

O Festival de Teatro da Amazônia (FTA) desempenha um papel essencial nesse contexto, proporcionando a valorização das artes cênicas, dando visibilidade aos artistas locais e gerando renda para o setor cultural.

De acordo com Cléber Ferreira, ator e presidente da Federação de Teatro do Amazonas (Fetam), ingressar na carreira teatral envolve uma combinação de estudo, prática e muita dedicação. As pessoas que se interessam pela área podem optar por cursos livres, formação acadêmica em artes cênicas e participar de oficinas e grupos teatrais.

“É essencial aproveitar as oportunidades para vivenciar e se desenvolver na prática teatral. Estar em contato constante com diferentes expressões e metodologias também é fundamental para o crescimento profissional”, enfatiza.

Cléber explica que sua metodologia pessoal é fundamentada na construção coletiva. Como representante de uma entidade de classe, ele promove diálogos que buscam desenvolver novas ações e atividades para o crescimento da federação e do ensino de teatro.

“A ideia é que todos os membros possam contribuir com suas experiências e aprender mutuamente, seja por meio de oficinas, encontros formativos ou promovendo o desenvolvimento contínuo de cada integrante”, explica.

Linguagem, conexão e ativismo

Mariellen Kuma, atriz, 39, recorda com emoção sua marcante participação no Festival de Parintins em 2013 e 2014. “Foi um dos primeiros momentos em que entreguei meu coração à Amazônia, e entendi o poder que a arte tem de conectar profundamente as pessoas à cultura e à terra. Dancei com uma força que até hoje me marca”, compartilha.

A trajetória de Mariellen no teatro começou com a escolha de explorar uma linguagem capaz de promover transformação, conexão e ativismo. Desde jovem, ela sentiu a necessidade de se expressar artisticamente. Foi quando iniciou seus estudos em Teatro e percebeu como essa área a permitiria investigar sua identidade, especialmente como travesti e artista na Amazônia.

“Escolhi o teatro por ser uma ferramenta poderosa para provocar reflexões e mudar perspectivas. A presença de pessoas trans nas artes cênicas é uma forma de resistência e uma maneira de abrir espaços para que nossas histórias e corpos ocupem o palco de forma legítima”, afirma.

Além de atuar, Mariellen também é diretora e produtora cultural, o que lhe permite misturar suas paixões, como yoga, botânica, ativismo e a luta pelos direitos das pessoas trans.

Um legado artístico

Com uma trajetória repleta de vivências e experiências, a intérprete, atriz e figurinista Koia Refkalefsky, 76, nascida em Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus), revela que o teatro a acolheu desde muito cedo, mas foi somente aos 36 anos que ela se rendeu à arte, reunindo agora 40 anos de experiências nos palcos, como intérprete e como criadora de figurinos.

“Teatro é a essência da minha vida, o meu amor, o meu viver. Sempre interpretei papéis que me chamaram a atenção, a última personagem é sempre minha favorita. Atualmente, estou encantada com ‘Madama Arapanca’, de ‘Pequena Esperança’”, conta Koia. A obra é do autor Geiber Teixeira, dirigida por Nonato Tavares e integra o repertório da Companhia de Teatro O Pulo do Sapo, onde Koia brilha com seu talento.

Ao longo de sua carreira, a intérprete colaborou com diversos diretores amazonenses renomados, como Chico Cardoso, Théo Corrêa, Gerson Albano e Nonato Tavares, além de autores como Márcio Sousa, Zé Maria Pinto, Leyla Leong, Tenório Telles, Geiber Teixeira e Sérgio Cardoso.

Koia passou 30 anos na Companhia de Teatro Vitória Régia e, atualmente, é uma das idealizadoras da Companhia O Pulo do Sapo, junto com Geiber Teixeira e Bosco das Letras.

Festival de Teatro da Amazônia

Entre os dias 29 de setembro e 13 de outubro, acontece a 18ª edição do Festival de Teatro da Amazônia (FTA). A lista de espetáculos selecionados para essa edição já está disponível no site da Federação de Teatro do Amazonas (fetam.com.br).

Neste ano, o evento, que é referência no norte do País, conta com uma programação com 30 espetáculos, 14 trabalhos na Mostra Jurupari, uma competição dedicada aos trabalhos inéditos produzidos no Amazonas e dividida em oito produções da categoria adulto e seis da categoria infâncias; dez obras nacionais na Mostra Ednelza Sahdo e seis montagens na Mostra Chico Cardoso, que abrange produções dos estados da Amazônia Legal, como Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

O Festival de Teatro da Amazônia é apresentado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, via Ministério da Cultura – Governo Federal: União e Reconstrução, e pelo Nubank, realizado pela Fetam, com apoio da WEG e do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.

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