População ribeirinha de Manaus enfrenta impactos da seca para comprar alimentos e insumos

A população ribeirinha da região metropolitana de Manaus vem enfrentando os impactos da seca severa que atinge o estado para conseguir comprar alimentos e insumos. No sábado (14), a cota do Rio Negro, que banha a cidade, atingiu a marca de 16,52 metros.

Nesta semana, prefeitura de Manaus decretou situação de emergência pelos próximos 180 dias por conta da seca do Rio Negro. A marca atual está próxima do limite mínimo considerado seguro para os banhistas, de 16 metros. Desde o dia 1º de setembro, o nível do rio na capital reduziu mais de três metros.

Com o Rio Negro secando rápido, as canoas e lanchas usadas pelos ribeirinhos para chegarem até a Zona Urbana da cidade estão atracando cada vez mais longe da margem.

A artesã Laudicéia Damasceno mora em uma comunidade que está praticamente isolada. Ela e o marido compraram os últimos produtos que faltavam para o estoque montado para enfrentar a seca.

“Ali dentro, embaixo daquela roupa, vai um pouco de carne, uns ovos e umas verduras lá dentro. Aqui dentro vai mais uma das ferramentas que nós precisamos lá, que nós estamos abrindo uma vertente, lá, afundando para ter água. Aqui são verduras, banana, algumas frutas que nós estamos levando o básico arroz, feijão que nós vamos ficar muito tempo lá dentro, agora sem sair”, relatou.

Eles vão ficar em casa até a seca passar. Por causa dos bancos de areia que estão tomando o espaço das águas, a volta pra casa agora teve que levar horas.

“Vou chegar umas 08h lá, saindo agora às 04h30, vamos chegar lá mais ou menos e mais 08h, já no escuro”, disse a artesã.

Segundo o monitoramento do Governo do Amazonas, a estiagem começou em junho, dois meses antes do previsto. Todos os 62 municípios estão em situação de emergência e mais de 460 mil pessoas estão sendo afetadas.

Várias comunidades e cidades do interior já enfrentam problemas de falta de alimentos e água potável.

Em Careiro da Várzea, a 23 quilômetros de Manaus, a Defesa Civil diz que praticamente toda a população está sofrendo com a estiagem. A prefeitura está encaminhando ajuda humanitária às comunidades rurais.

“O nosso município é 95% várzea, e apenas 5% terra firme. Nesse momento, praticamente todo o município está sendo afetado por essa estiagem severa”, informou o secretário da Defesa Civil, Jean Costa de Souza.

No Rio Curari, um dos braços do Rio Solimões, em boa parte dele já é possível andar pelos bancos de areia que tomam conta de onde as águas passavam. Para navegar, só se forem em pequenas embarcações como canoas.

“Eu estou indo trabalhar. A gente andava de canoinha, agora como você pode ver secou tudo não tem mais condições. Tem que andar. Enfrentar a natureza”, contou o agricultor Lucas Silva Nascimento que andava pelos bancos de areia.

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