Raphinha muda o jogo, Gabigol desencanta e Brasil vira sobre a Venezuela

Foi no sufoco, mas o Brasil manteve os 100% de aproveitamento nas Eliminatórias à Copa 2022. A atuação, no geral, passou longe de ser boa e, apesar da diferença de gols, por pouco o tropeço não veio. Mas a seleção brasileira venceu a Venezuela, de virada, por 3 a 1, ontem (7), em Caracas (VEN). O atacante Eric Ramírez foi quem fez o gol dos donos da casa, em uma jogada que teve escorregão duplo de Fabinho e Marquinhos. Mas coube ao próprio zagueiro do Brasil fazer o gol de empate, no segundo tempo. Gabigol, de pênalti, garantiu a virada. Nos acréscimos, Antony ampliou.

Mas toda essa retomada no placar foi propulsionada por Raphinha, que estreou e fez ótimo jogo. O meia-atacante do Leeds viveu a frustração de ser vetado pelo Leeds na rodada passada, em setembro, mas voltou agora e começou em grande estilo sua trajetória na seleção. E pensar que ele chegou a ser sondado pela Itália.

Com Neymar nas tribunas, já que cumpriu suspensão, e aos trancos e barrancos, o Brasil manteve a estatística positiva contra a Venezuela nas Eliminatórias. Agora são 18 jogos, com 17 vitórias. O único empate continua sendo o de 2009: um 0 a 0 diante da equipe treinada por Dunga. Nos números, a campanha é perfeita. O Brasil é líder das Eliminatórias, com 27 pontos, e viu a distância em relação à Argentina aumentar para oito pontos. O próximo desafio é domingo (10), contra a Colômbia, em Barranquilla, às 18h (de Brasília). Nesta data Fifa, a seleção brasileira ainda encara o Uruguai, em Manaus, quinta-feira (14).

Xô, jejum

Embora a dobradinha com Gabriel Jesus não tenha funcionado bem, Gabigol voltou a marcar pelo Brasil, após passar seis partidas em branco — quatro delas como titular. A última vez que ele havia balançado a rede foi justamente diante da Venezuela, na vitória por 3 a 0 pela Copa América 2021.

Escorregão no começo

O jogo não começou tão promissor para o Brasil em termos ofensivos. Já dava para ver a dificuldade que o meio-campo formado por Gerson e Fabinho enfrentaria ao longo da partida. O ritmo baixo, alguns erros de passe, algo muito abaixo da média para os dois jogadores. Fabinho, inclusive, na condição de substituto de Casemiro — fora da data Fifa por causa de um problema no siso — foi um dos vilões do lance capital da partida.

A bola cruzada por Soteldo da direita encontrou Eric Ramírez livre na área. O centroavante venezuelano cabeceou com liberdade porque Fabinho e Marquinhos escorregaram juntos na área. Uma cena pitoresca, quase inexplicável, mas que rendeu o gol da seleção anfitriã.

Desfile de Soteldo

Não só por ter sido autor do cruzamento para o gol, Soteldo, conhecido do futebol brasileiro, foi o principal nome da Venezuela na parte ofensiva. O baixinho abusado não teve receio de tentar dribles, jogadas e efeito e passes venenosos, valendo-se da liberdade de movimentação que o técnico Leonardo González lhe deu. No primeiro tempo ele sobrou. No segundo, apareceu bem menos.

Problema coletivo no Brasil

Para além dos escorregões, foi uma das piores atuações coletivas do Brasil de Tite. Pior até do que os 45 minutos iniciais contra o Chile, por exemplo, que foi um jogo no qual a seleção passou sufoco. Hoje, no 4-4-2 proposto por Tite, o Brasil ficou completamente engessado. O baixo rendimento dos volantes foi um problema chamativo, mas eles não ficaram devendo sozinhos. A cena comum foi ver a bola circulando entre zagueiros e laterais, mas sem trazer em seguida uma tentativa mais incisiva. Nada de dribles, jogadas combinadas pelo meio ou apoio consistente dos laterais.

Ainda durante o primeiro tempo, Tite tentou redesenhar o Brasil com o que tinha em campo. Trouxe Paquetá para o meio, abriu por alguns momentos Gabriel Jesus pela esquerda e chegou a fazer com que Everton Ribeiro também tivesse posicionamento invertido, ocupando aquele setor, em vez da direita.

A única ocasião de gol foi quando Everton Ribeiro, na faixa esquerda do ataque, recebeu passe mais vertical de Paquetá e ficou na cara do goleiro. Mas o “vício” de dar assistências para o Gabigol, companheiro de Flamengo, falou mais alto. A tentativa de passe foi desviada pelo marcador e a bola explodiu no travessão.

E os estreantes?

Por mais que tenha sido o mais lúcido do Brasil no primeiro tempo, Tite tirou Everton Ribeiro logo no intervalo. O segundo tempo começou com o estreante Raphinha na ponta direita. Canhoto assim como o meia do Flamengo, o jogador do Leeds tem característica mais aguda, de usar o drible para buscar a área, enquanto Everton Ribeiro é mais um construtor e traz o jogo mais pelo meio. Raphinha foi o destaque da parte boa da seleção brasileira.

No desespero, virou 4-2-4

Em que pese o mau desempenho dos meio-campistas centrais, Tite fez mais alterações nos pontas. Depois de Raphinha, apostou em Vinícius Júnior, sacando Paquetá. Coletivamente, os problemas continuaram, mas a tentativa foi dar mais intensidade às jogadas pelo lado. Funcionou a substituição do 4-4-2 por algo mais parecido com o 4-2-4, já que os externos passaram a ter mais característica de drible e velocidade do que de construção e passe.

Alívio pelo alto e virada de pênalti

O Brasil chegou a ter um gol anulado aos 11 minutos do segundo tempo, quando Thiago Silva acertou uma cabeçada após bola alçada na área — só que a arbitragem assinalou impedimento, corretamente. Mas, com a dificuldade de entendimento ofensivo, seria essa a solução para dar alívio ao Brasil. Numa cobrança de escanteio feita por Raphinha, Marquinhos ganhou pelo alto de trouxe o empate.

A vitória brasileira se concretizou após uma rara jogada de velocidade que deu certo. A troca entre Raphinha e Vinicius Júnior culminou com um rebote que ficaria no pé de Gabigol. Só que o atacante sofreu pênalti. Como não costuma errar cobranças, fez o segundo gol do Brasil na partida. Já aos 50 minutos da etapa final, Antony concluiu jogada pela direita, também de Raphinha, e entrou com bola e tudo.

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