Líder Supremo do Irã parabeniza milícia que tenta impedir manifestações no país

Desordeiros, marginais e inimigos. O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, pronunciou essas três palavras para referir-se aos manifestantes que tomaram as ruas das principais cidades do país após a morte de Mahsa Amini. Em 16 de setembro passado, a mulher iraniana de 22 anos entrou em coma e não resistiu, três dias depois de ser espancada por homens da Gasht-e-Ershad — a “polícia da moral”, unidade das forças de segurança que fiscaliza o cumprimento do código de vestimenta islâmico no país. Mahsa foi acusada de não usar, de forma apropriada, o hijab (véu islâmico). As manifestações se espalharam, e várias mulheres chegaram a ser filmadas ou fotografadas retirando o traje da cabeça e queimando-o.  

Durante discurso a uma multidão de voluntários da Basij, em Teerã, Khamenei elogiou a força paramilitar leal ao regime teocrático islâmico. “Ao enfrentar o inimigo no campo de batalha, a Basij sempre mostrou-se corajosa, sem medo”, disse. “Vocês viram que, nos mais recentes eventos, nossos inocentes e oprimidos Basijs tornaram-se alvos da opressão para que não permitissem que a nação virasse alvo de desordeiros e marginais. (…) Eles se sacrificaram para libertar os outros”, acrescentou.

Até o fechamento desta edição, pelo menos 416 pessoas, incluindo 51 crianças, foram mortas pelas forças de segurança durante os protestos, de acordo com a organização não-governamental Iran Human Rights, sediada em Oslo (Noruega). A indignação ante a reação desproporcional do regime se espalhou por vários países e tomou os estádios de futebol do Catar, durante as partidas da seleção do Irã pela Copa do Mundo. 

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