Fósseis humanos da África têm 1 milhão de anos a mais do que se pensava anteriormente

Um novo estudo, publicado na segunda-feira (27), na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou que fósseis de Australopithecus encontrados nas cavernas de Sterkfontein, na África do Sul, têm um ano a mais do que se pensava anteriormente — tornando-os mais antigos do que o famoso fóssil de Lucy (também conhecido como Dinkinesh) da Etiópia.

Lucy foi encontrada na década de 1970 e representa a espécie Australopithecus afarensis, que viveu há 3,2 milhões de anos.

Agora, utilizando uma nova técnica para datar os sedimentos das cavernas de Sterkfontein, pesquisadores da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, descobriram que os novos fósseis do gênero Australopithecus têm entre 3,4 milhões a 3,6 milhões de anos — e não entre dois e 2,6 milhões de anos como datados antes.

As cavernas ficam a cerca de 50 quilômetros a noroeste da cidade sul-africana Joanesburgo e são consideradas  Berço da Humanidade.

As grutas, incluídas nesta rede chamada de “Membro 4”, revelaram detalhes sobre a evolução humana e ambiental que abrange cerca de quatro milhões de anos atrás.

Datação por radiação

Desde que as pesquisas começaram no local em 1936 com a descoberta do primeiro hominídeo adulto do gênero Australopithecus, feita por por Robert Broom, a região tornou-se famosa pelas centenas de fósseis provenientes de escavações de preenchimentos de cavernas antigas, incluindo espécimes icônicos como o crânio conhecido como Mrs. Ples e o esqueleto Little Foot.

A datação dos fósseis apontava, até então, para dois, ou até três milhões de anos.

No entanto, como explicou em um comunicado o professor Dominic Stratford, diretor de pesquisa nas cavernas, e um dos autores do artigo, “as novas idades variam de 3,4 a 3,6 milhões de anos para rede Membro 4, indicando que os hominídeos de Sterkfontein eram contemporâneos de outras espécies  primitivas de Australopithecus, como Australopithecus afarensis (crânio de Lucy, por exemplo), no leste da África”.

Anteriormente a datação anterior da região Membro 4 foi baseada na datação de depósitos de calcita flowstone (outros minerais de carbonato) encontrados dentro do preenchimento da caverna.

Agora, para chegar na análise que determinou uma nova idade, a equipe de pesquisa utilizou a técnica de decaimento radioativo dos raros isótopos alumínio-26 e berílio-10 no mineral quartzo.

Darryl Granger, professor da Universidade Purdue nos Estados Unidos e principal autor do artigo, disse que “esses isótopos radioativos, conhecidos como nuclídeos cosmogênicos, são produzidos por reações de raios cósmicos de alta energia perto da superfície do solo”.

Com esse decaimento radioativo, é possível datar quando as rochas foram enterradas na caverna no momento em que caíram na entrada junto com os fósseis, continuou.

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