Mais de uma década após o pior desastre nuclear do Japão, a cidade que abriga a desativada usina nuclear de Fukushima Daiichi finalmente suspendeu sua ordem de evacuação nesta terça-feira (30), permitindo que ex-moradores voltem para casa.
A cidade de Futaba, anteriormente considerada fora dos limites, é o último dos 11 distritos a suspender sua ordem de evacuação, disse um porta-voz do escritório municipal da cidade à CNN.
Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9,0 atingiu a costa leste do Japão, provocando um tsunami que causou um colapso nuclear na usina e uma grande liberação de material radioativo.
Foi o pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl em 1986.
Mais de 300 mil pessoas que viviam perto da usina nuclear foram forçadas a evacuar temporariamente; outros milhares o fizeram voluntariamente. Comunidades outrora movimentadas foram transformadas em cidades fantasmas.
Nos anos seguintes, operações de limpeza e descontaminação em larga escala permitiram que alguns moradores que viviam na antiga zona de exclusão retornassem.
Futaba abriga o complexo Tokyo Electric Power Company (TEPCO) e uma estação ferroviária. Instalações públicas, como a recém-reaberta prefeitura municipal, estão programadas para reiniciar as operações na próxima segunda.
Fotos da cidade mostram lojas, casas e templos vazios, muitos dos quais com danos externos, como telhados caídos e janelas quebradas. As ruas estão praticamente vazias. Carros e caminhões abandonados estão em um campo, coberto de sujeira e ferrugem.
Antes do desastre nuclear, Futaba tinha uma população de cerca de 7.100 habitantes. No final de julho, mais de 5.500 pessoas permaneciam registradas como residentes, de acordo com o porta-voz da prefeitura.
Os moradores foram autorizados a entrar na área nordeste de Futaba – mas não morar lá – desde março de 2020, quando especialistas disseram que os níveis de radiação não excediam 20 milisieverts por ano. Esse nível é equivalente a duas tomografias computadorizadas de corpo inteiro e os órgãos de segurança internacionais recomendam que seja o limite de exposição anual de um indivíduo à radiação.
As autoridades começaram a se preparar para a reabertura da cidade este ano; em janeiro, eles lançaram um programa que permite que ex-moradores retornem temporariamente, mas apenas 85 pessoas de 52 famílias participaram, disse o funcionário da Futaba. Fotos de março também mostram trabalhadores derrubando estruturas desmoronadas e se preparando para reconstruí-las.
Ainda não está claro, no entanto, quantas pessoas retornarão – e quanto tempo a cidade levará para se recuperar.
Mais de 80% do município são designados como zona “difícil de retornar” ainda com altos níveis de radiação, disse o porta-voz. E uma pesquisa realizada em agosto passado descobriu que 60,5% dos moradores decidiram não voltar – 11,3% queriam voltar.
Futaba não tem previsão oficial de quando outras áreas da cidade serão totalmente descontaminadas.